Partilha, Vem e Segue-Me são as linhas orientadoras da Diocese para 2017-2018
Partilha … Vem e Segue-Me (Cfr. Mt. 19, 21)
Este novo ano pastoral terá, na nossa diocese de Angra, dois objectivos principais. O primeiro sublinha a continuidade na aposta pela pastoral social, indo mais fundo e mais longe na realidade que urge transformar de modo a que todos os nossos diocesanos usufruam de uma vida digna; o segundo diz respeito ao convite que o Santo Padre dirige aos jovens através da convocatória do Sinodo dos Bispos para Outubro de 2018 e que tem como tema «Os Jovens, a Fé e o discernimento vocacional».
Procuraremos articular estes dois objectivos de modo a que os jovens tenham um protagonismo maior nas comunidades cristãs, que estas se abram mais à participação dos jovens e que estes se tornem agentes de transformação da nossa sociedade e da nossa cultura de modo a torná-las mais justas e dignas da pessoa humana.
O Papa Francisco na carta que dirige aos jovens por ocasião da apresentação do documento preparatório questiona-os dizendo que «um mundo melhor constrói-se também graças a vós, ao vosso desejo de mudança e à vossa generosidade». Convida, então, os jovens a assumirem o protagonismo da transformação social exortando-os a não terem medo de ouvir o Espirito que lhes sugere escolhas audazes. Por isso, diz o Santo Padre, «não hesiteis quando a consciência vos pedir que arrisqueis para seguir o Mestre.
Mais ainda, «também a Igreja deseja colocar-se à escuta da vossa voz, da vossa sensibilidade, da vossa fé; até das vossas dúvidas e das vossas críticas». E, acrescenta convidando os jovens a fazerem ouvir o seu grito, deixando-o ressoar nas comunidades e fazendo-o chegar aos Pastores.
Durante este ano, convido todos os jovens da nossa diocese a descobrirem a Jesus de Nazaré, a alegria do Seu chamamento e o encanto da Sua missão. Exorto-os a fazerem uma verdadeira experiência cristã, discípulos de Jesus Cristo, no seio da comunidade cristã concreta onde vivem, a partilharem dos seus dons e capacidades para a renovação das nossas paróquias. Deste modo, vós jovens descobrireis a maravilhosa experiência do que é ser cristão em comunhão e na partilha com todos os irmãos.
Mas convido igualmente cada comunidade cristã e os seus órgãos de participação e corresponsabilidade a abrirem-se à integração, à actuação e à renovação dos jovens.
Como nos alerta o Santo Padre, deixemos de resguardar-nos de toda a renovação e procuremos transformar-nos pela acção do Espirito que de modo especial actua nos jovens que na fé se manifestam desejosos de novidade e cheios de esperança.
Convido todos os sacerdotes, todos os agentes pastorais e todas as famílias a reconhecerem que o futuro das nossas comunidades cristãs está no modo como soubermos escutar, integrar e deixar espaço de participação aos jovens. A eles compete abrir-nos aos sinais dos tempos que nos são oferecidos pela cultura e pela presença do Espirito Renovador na nossa sociedade.
À comunidade cristã, espaço de experiência viva da fé em Jesus Cristo, compete oferecer a fidelidade permanente à verdade do Evangelho na qual os jovens devem aprender a integrar a novidade que oferecem pela sua jovialidade, competência e esperança no futuro.
No documento preparatório para o próximo sínodo, diz-se que «a Igreja decidiu interrogar-se sobre o modo de acompanhar os jovens a reconhecer e a acolher o chamamento ao amor e à vida em plenitude, e também pedir aos próprios jovens que a ajudem a identificar as modalidades hoje mais eficazes para anunciar a Boa Nova».
E, acrescenta, que ouvindo as aspirações dos jovens «podemos entrever o mundo de amanhã que vem ao nosso encontro e os caminhos que a Igreja é chamada a percorrer».
Sendo assim, este sínodo é uma oportunidade de participação e renovação para toda a Igreja diocesana e para cada uma das comunidades cristãs.
É dirigido de modo muito particular aos jovens que devem entusiasmar-se por participar vivamente na sua preparação e no acolhimento das suas propostas; mas é igualmente dirigido como desafio a todos os membros da Igreja sobretudo aos agentes pastorais e aos pastores.
Recorrendo ainda ao documento preparatório, podemos ler que «se quisermos que aconteça algo de novo na sociedade ou na comunidade cristã, devemos deixar espaço a fim de que as pessoas mais jovens possam agir». E explicita realçando que «projectar a mudança segundo os princípios da sustentabilidade exige que se permita às novas gerações experimentar um novo modelo de desenvolvimento».
É muito eloquente e inspirador a expressão que referindo-se à inovação social diz que esta «exprime um protagonismo positivo que inverte a condição das novas gerações: de perdedores que pedem protecção contra os riscos da mudança, para protagonistas da transformação, capazes de criar novas oportunidades».
Aproveitemos esta hora que se revela tão rica e oportuna para todos os jovens e que se apresenta como uma ocasião de graça para os agentes pastorais e para as comunidades cristãs.
Vamos todos empenhar-nos na preparação do sínodo dos Bispos, vamos todos seguir a reflexão e vamos todos deixarmo-nos renovar pelo que Deus nos oferece com as suas conclusões.
Caros jovens, contamos convosco para a renovação da Igreja, da cultura e da sociedade.
Imploro de Nossa Senhora, Mãe e Rainha dos Açores, que na Sua juventude aceitou o desafio de Deus a ser a Mãe de Jesus de Nazaré e deste modo a colaborar activamente na transformação e na renovação do mundo que abençoe os jovens, as famílias e as comunidades cristãs da nossa diocese.
Angra do Heroismo, 8 de Setembro de 2017
+João Lavrador, Bispo de Angra e Ilhas dos Açores